sábado, 15 de março de 2008

NUM TREM DA FEPASA AO CAIR DA TARDE

O carro enorme
como uma raposa fulva
deixa a Estação da Luz -
17 e 45 e se põe a correr:
apita na curva
a linha frange
o aço range
o gaiato ri
a moça paquera
e a lagartona de aço
fura a neblina.
Novo apito na curva
mais uma encoxada.
A moça bufa, estrila
e a maquinona indiferente
vara a noite opalina
molhada pela garoa fina
veloz em direção à serra
atravessa seis cidades
roncando o mesmo refrão:
o dia se vai
a noite vem
o dia se vai
a noite vem
o dia se vai
a noite vem.
E nesse galope medonho
vai desovando sua larva horrenda
por todas as estações -
da Luz a Rio Grande da Serra

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